Pesquisadores do INCT Teranano desenvolvem anticorpo para diagnosticar câncer de mama

A descoberta do anticorpo rendeu à pesquisadora o Prêmio Octavio Frias de Oliveira de 2015, realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), em parceria com o grupo Folha de São Paulo.

Uma professora do curso de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) é a responsável pelo desenvolvimento de um tipo de anticorpo capaz de reconhecer proteínas do câncer de mama. Foram dez anos de pesquisa, que foi reconhecida em 2015 pelo prêmio “Octavio Frias de Oliveira”, que incentiva a produção de conhecimento nacional na prevenção e combate ao câncer.Thaise Gonçalves Araújo atua no campus da universidade em Patos de Minas, no Alto Paranaíba. Ela contou que para a observação teve o auxílio de um grupo de pesquisadores. “Foi coletado o material genético de dez pacientes que recorreram ao Hospital de Clínicas da UFU para extração do material genético”, afirmou.A partir do material se construiu e modificou sequências para obter anticorpos promissores para diagnóstico do câncer de mama, dentre estes o FabC4. “Quando testamos esse anticorpo vimos que ele conseguia diferenciar as pacientes que tinham câncer daquelas que tinham doenças benignas. No grupo de pacientes com câncer vimos que ele identificava as que tinham tumores de grau três ou triplos negativos, para os quais só tem um tipo de tratamento, quimio e radioterapia”, acrescentou.De acordo com a professora, o anticorpo pode predizer a evolução da doença em um subgrupo extremamente heterogêneo, o que abre portas para o melhor tratamento da doença. Atualmente, ela e o grupo de pesquisadores estão aprofundando os estudos quanto a atividade biológica do anticorpo em diferentes linhagens de células tumorais. “Buscamos verificar sua atividade na proliferação, migração e morte de células tumorais”, acrescentou.Finalizando os teste em células, o grupo  iniciará os testes em animais. Além disso, eles buscam também compreender novas vias oncogênicas para melhor compreender a doença. “Pesquisa aplicada não existe sem pesquisa básica”, ressaltou Thaise Gonçalves.PremiaçãoA descoberta do anticorpo rendeu à pesquisadora o Prêmio Octavio Frias de Oliveira de 2015, realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), em parceria com o grupo Folha de São Paulo. O trabalho foi reconhecido no quesito Inovação Tecnológica e a premiação aconteceu em agosto deste ano.Também participaram do estudo os professores Luiz Ricardo Goulart Filho (Ingeb/UFU) e Iara Cristina de Paiva Maia (Faculdade de Medicina/UFU), além de profissionais do Hospital do Câncer de Barretos e do A. C. Camargo Câncer Center.A pesquisa, que teve início no mestrado de Thaíse Araújo, foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais (Fapemig).Ciência desde a infânciaA inspiração de Thaise Gonçalves pela Ciência vem desde a infância. Ela sempre gostou de criar, de pesquisar e inovar.Na graduação ela já pretendia trabalhar na procura da cura do câncer, sobretudo o de mama. “Talvez por ironia do destino, minha mãe hoje luta contra o câncer de mama. Dediquei a ela esta conquista”, concluiu.